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“Gerador de energia à base de esterco suíno já funciona"

Metano dos biodigestores movimenta o gerador da Santa Clara.

[...] sobre o reaproveitamento do esterco de suínos que, em decomposição nos biodigestores da Cooperativa Santa Clara, gera metano, o gás que se acumula na atmosfera e, a exemplo do gás carbônico, eleva o calor no planeta criando o efeito estufa. Até pouco tempo atrás, esse gás era simplesmente queimado, mas agora gera energia elétrica.

O sistema foi planejado e implantado por etapas. Em setembro de 2008 os três biodigestores passaram a receber o esterco de pocilgas. Cada um mede 19x39 metros, com a profundidade variando de 4 a 7 metros.

Os balões são de uma lona especial de duas camadas que impermeabiliza o esterco, que não tem mais contato com o meio ambiente, criando a biodigestão anaeróbica (sem a presença de oxigênio). A ação da bactéria na decomposição da matéria orgânica gera o metano.

O gás foi canalizado até o gerador, distante aproximadamente 100 metros dos biodigestores. O motor Mercedes Benz de seis cilindros queima o gás e movimenta o gerador de energia elétrica. Um transformador se encarrega de distribuí-la em 380 e 220 volts.

Os testes iniciaram dois meses atrás e, há mais de 20 dias, passou a funcionar sem interrupção. Segundo o gerente do Frigorífico e da suinocultura da Santa Clara, Glademir Luiz Mecca, são gerados dois megavolts por dia. Um megavolt equivale a 1000 volts, o que deixa a geração diária de dois mil volts.

Segundo Mecca, a energia gerada é utilizada na estação de tratamento de efluentes das indústrias da Cooperativa: “ali aumenta os motores, as bombas e os aeradores das três lagoas de decantação de efluentes.”

O estudo de viabilidade econômica apontou 16 meses como o tempo necessário para o custo do sistema se pagar. Pelos cálculos de Mecca, em média, eram gastos R$ 30 mil ao mês para pagar a energia utilizada na estação de tratamento.

“Precisaria de mais alguns meses para fazer o cálculo certo”, observa Mecca, “também deve se considerar o clima, já que o calor facilita a proliferação de bactérias no biodigestor, o que aumenta a quantidade de metano produzida. Pela medição atual, vamos economizar em torno de R$ 12 mil por mês”.

Segundo o diretor administrativo e financeiro da Santa Clara, Alexandre Guerra, o investimento total neste sistema foi de R$ 542 mil, mas é viável por diferentes motivos: “o investimento é elevado, mas considerando os aspectos de preservação do meio ambiente e a economia, é um sistema ecologicamente correto e gerador de benefício econômico”.

Sistema semelhante foi implantado justo às pocilgas da Santa Clara em Selbach, onde existem 3000 matrizes, Lá, o investimento foi da ordem de R$ 340 mil. A captura de gás metano tem outra vantagem para a empresa: possibilidade de obter dividendos no mercado de créditos de carbono, incentivo criado pelo Protocolo de Kyoto. A empresa que captura o gás recebe o crédito, na proporção de um para cada tonelada de gás capturado, e vende no mercado.

Essa questão se encontra estacionada, revela Alexandre: “ Ocorre que alguns países não assinaram o tratado, e as empresas que atuavam nesta área estão receosas, mas é algo que poderá gerar um ganho financeiro futuro.”

Resíduo vira adubo
Outro aspecto positivo do sistema de decomposição do esterco de suínos é o aproveitamento do resíduo líquido (chorume) do esterco como adubo orgânico. Trata-se de um excelente fertilizante rico em nitrogênio.

O funcionário que cuida do sistema de biodigestão, Paulo Aristeu Limberger, também distribuiu o adubo líquido pelas lavouras dos agricultores interessados. Segundo Paulo, a retirada do líquido é na mesma proporção do esterco que entra diariamente nos biodigestores: “A gente mede a estrada de esterco e se retira a mesma quantidade de líquido. Na média, fica em 100 mil litros por dia”.

O resíduo de esterno, tanto suíno como bovino, não deve exalar cheiro forte ao ser colocado nas lavouras. Para isso, é preciso que o processo de biodigestão (fermentação) tenha completado seu ciclo. Quando exala mau cheiro, é porque o processo de fermentação ainda não está completo.

Fonte:
Jornal Contexto - 07/08/10.

●●● Postado por Eloísa Dalsin.

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